sexta-feira, 26 de junho de 2009

Paraíso

Paraíso
(Maria Inês Simões)

O local era perfeito, as casas projetadas em pedras talhadas com desenhos e cores, no jardim as flores encantavam. Espécies de animais conviviam em perfeita harmonia. O amor e a amizade exalavam um perfume natural, aroma agradável a disseminar-se pelos campos e colinas. As famílias concentravam-se nos serviços rotineiros em suas casas dentre as rochas. Quando repentinamente um objeto voador, cujo formato não se igualava a nenhuma ave conhecida, sobrevoou o pequeno paraíso. No horizonte uma nuvem negra e grande começava a se formar cada vez mais próxima. Os moradores não conseguiam entender o que seriam aquelas grandes labaredas vermelhas e amareladas que surgiam devastando o espaço e avançando rapidamente. Contemplavam a imagem até então desconhecida, sentindo um desconforto acoplar em seus corpos livres e naturais. Os animais começaram a debandar em grande retirada. Alguns homens, mulheres e crianças tentaram acompanhar o mesmo ritmo saindo em correria inutilmente. Outras criaturas dentro de seus lares não tinham nem mesmo esta opção. Encerradas contra as paredes em lápides de sepulcros permaneceram esculpidas em desenhos de cor sépia, extraída de uma substância de dor e medo em painel de um sonho por vir.

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Maria Inês Simões - Bauru/SP